Praticamente todos os povos nômades das regiões áridas e estépicas do mundo fizeram, e fazem, uso de tendas como moradias. Dentre as tendas nômades, destaca-se a tenda negra do Oriente Médio, a qual, por ter sua rigidez garantida pela protensão do tecido de cobertura, é o tipo que mais se aproxima, em termos de forma e de funcionamento estrutural, das tendas protendidas do século XX.
Originária da região entre o Irã e o Tibete, a tenda negra disseminou-se pelo Oriente Médio e norte da África durante as invasões árabes do século VII, até alcançar, no século XVI, sua região de influência atual, do noroeste da África até o leste do Tibete. Sua transformação, de uma forma armada inicial para uma forma pretendida, foi uma adaptação aos fortes ventos que assolam essas regiões. A mudança foi possível pela substituição da cobertura de peles por tecidos de pêlo de cabra ou dromedário suficientemente resistente para permitir o tracionamento. O sistema de protensão do tecido, que emprega dois mastros cruzados apoiando um assento curto (sobre o qual passa ainda, nas tendas maiores, um cabo de cumeeira) determina a morfologia da tenda negra, caracterizada por uma corcova central.
Nas culturas urbanas, por outro lado, as tendas sempre foram empregadas em atividades transitórias ou móveis, como as campanhas militares, os circos, as festas campestres. É de se supor que todas as culturas urbanas tenham feito uso de tendas. Os primeiros registros são fragmentos iconográficos dos assírios (cerca 3000 a.C.) e egípcios. Também os exércitos persas que guerrearam contra os gregos usavam tendas luxuosas. Por intermédio dos gregos, o uso das tendas transmitiu-se para os romanos. As primeiras tendas romanas eram cilindro-cônicas, suspensas por um único mastro central.
Posteriormente, surgiu o papilio (borboleta), tenda militar de planta retangular, cujo nome decorre da particular forma de dobragem. Os romanos notabilizaram-se ainda pela construção de coberturas de linho, chamadas de velaria, para espaços e eventos públicos. A aplicação mais notável era a das coberturas retráteis dos anfiteatros, onde as velarias eram suspensas por cordas radiais, fixadas a mastros de madeira na borda externa e a um anel interno, também de corda. O sistema de fixação dos mastros, por meio de olhais entalhados em pedra, é ainda hoje visível nas ruínas dos muitos anfiteatros romanos.
O uso da tenda na Europa teve um interregno, após a queda do império romano, voltando a disseminar-se a partir do século XII, mas mostrando pouca evolução em relação aos tempos romanos. Desde então as tendas tiveram uso ininterrupto, principalmente nas sucessivas campanhas militares que marcaram a história européia, além das festas e eventos públicos. A última inovação aportada ao pavilhão tradicional foram os mastros múltiplos dos circos itinerantes, que apareceram na Europa e nos Estados Unidos no século XIX, já no início da Revolução Industrial.
O emprego das tendas tradicionais sempre foi limitado por uma série de fatores, como a falta de materiais adequados, cabos e membranas, suficientemente resistentes, imunes ao intemperismo. O fator mais óbvio, porém, é que de fato não havia grande necessidade destas estruturas, antes do surgimento das grandes aglomerações urbanas da era moderna.
Os circos modernos surgiram no início do século XIX, nos Estados Unidos, como forma de entretenimento das populações urbanas. Inicialmente eram eventos sedentários, com as apresentações se dando em grandes salas permanentes. Com a expansão das ferrovias, as companhias de circo americanas começaram a viajar (a partir de 1860), e tornou-se conveniente o uso de pavilhões de lona, que podiam ser facilmente montados e desmontados a cada parada. Uma visita do “First American Railway Circus” a Paris, em 1867, completa com sua tenda e seu aparato técnico, despertou grande interesse do público e levou à formação de grupos móveis na Europa.
As tendas de circo, como o clássico “Chapiteu”, tinham cerca de 50m de diâmetro e eram feitas de lonas de linho ou cânhamo, assemelhando-se aos pavilhões tradicionais. A principal evolução em relação a estes foi à introdução de quatro mastros principais, verticais (King Poles), situados ao redor do picadeiro. A lona era suspensa por estes mastros, apoiando-se no perímetro por uma série de mastros de menor altura. Entre os mastros principais e os perimetrais existia ainda um grupo de mastros intermediários (Queen Poles), inclinados a cerca de 60 graus em relação ao solo, que eram usados para retesar a membrana. Mesmo sendo geometricamente simples, desenvolveu-se toda uma técnica em termos de padrões de corte, juntas e montagens, passada adiante por sucessivas gerações de artesões.